Até a última sexta-feira 18, cerca de 15% da população prisional tinha sido imunizada contra o coronavírus. Um dia antes, conforme levantamento feito pelos Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Medidas Socioeducativas dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais (GMFs) e divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça, sequer 1% dos detentos no Ceará estavamimunizados com a primeira dose.
De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a população carcerária do Estado gira em torno de 23 mil presos. Destes, até o dia 17 de junho o levantamento contabilizou que apenas 217 havia recebido a 1ª dose do imunizante, e nenhum a 2ª dose. Todos esses idosos.
Após questionamento da reportagem, só na sexta-feira (18), 3.400 internos do sistema prisional cearense foram vacinados, alavancando o percentual de imunizados dentro dos equipamentos. “Nos próximos dias, o restante da população carcerária cearensedeve receber a primeira etapa de aplicação do imunizante, ao passo que chegarem as doses”, informou a Pasta.
Dezoito estados do País contribuíram com dados para a pesquisa divulgada pelo CNJ. Até o fechamento da 25ª edição do monitoramento, São Paulo, com 2.797 D1 e 869 D2 era a localidade ocupando a primeira posição no ranking como o Estado que mais vacinou presos.
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MONITORAMENTO
O presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), advogado Cláudio Justa, garante que o baixo número de imunizados se deve a uma escassez na chegada de vacinas para o Sistema Penitenciário. Justa explica que a preferência é aplicar o imunizante nos policiais penais dentre outros servidores que atuam nos presídios, porque estes se deslocam e podem transmitir o vírus com mais facilidade e para mais pessoas caso sejam infectados.
“O grupo de maior risco no Sistema Penitenciário, aqueles inseridos nas comorbidades receberam a vacina primeiro. Outro critério adotado enquanto mais doses não chegam é isolamento prévio e a ampla testagem dos internos. Agora, já existe uma previsão plena de vacinação no Sistema. A partir do novo aporte de vacinas que chega temos expectativa que a maioria seja vacinada em meados de agosto”, disse o presidente do Copen.
PREVENÇÃO
A pesquisa divulgada pelo CNJ ainda inclui informações sobre recursos para prevenção à Covid-19 dentro das unidades prisionais. O Conselho mencionou que há estoque suficiente de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), inclusive com produção de máscaras pelos internos, e a distribuição de kits de higiene e limpeza vem acontecendo em todas as unidades, mas com relatos que em algumas delas há necessidade de mais produtos.
Alimentação é um ponto destacado pelos presos. De acordo com o levantamento, a SAP fornece quatro alimentações diárias, mas “há reclamações de internos, relatando que sentem fome, tendo em vista que a última refeição é servida às 17h” e “não há uniformidade no fornecimento das alimentações entre todas as unidades”.
Medicamentos e equipes de saúde são pontos positivos. No balanço parcial consta que há medicamentos suficiente para atendimento básico dos internos fornecidos após receita médica e que “todas as unidades da Região Metropolitana possuem equipe de saúde completa, com uma unidade específica para tratamento de internos por Covid-19”.
Por nota, a SAP assegurou manter “equipes completas e qualificadas em todas as grandes unidades prisionais do Estado e nas Cadeias Públicas de referência de cada região e mantém 4 refeições diárias equilibradas por nutricionistas e fiscalizadas pelas autoridades para cada um dos quase 23 mil internos do sistema prisional do Estado. A Pasta ainda esclarece que o fornecimento das 17h é contemplado com duas refeições, o jantar e a ceia, o que garante alimentação dos internos até o horário da dormida”.