A entidade afirma que os cálculos para distribuir recursos do Fundeb, fundo que financia a educação básica do país, não batem com número de alunos apontados no Censo Escolar 2020. Com isso, as cidades não estão recebendo os valores mínimos previstos na legislação.
O G1 entrou em contato com o MEC e o FNDE, órgão responsável pelos cálculos do repasse, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
A CNM diz estar recebendo “inúmeros questionamentos” das prefeituras. Nesta terça-feira (20), a entidade enviou um ofício ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, relatando o caso e pedindo esclarecimentos.
Diferenças por etapas
A maior diferença está entre alunos matriculados em escolas de ensino fundamental em tempo integral. São 695.090 matrículas a menos na comparação entre o Censo Escolar 2020, feito pelo próprio MEC, e os cálculos do governo.
De acordo com o CNM, as diferenças por etapas de ensino são:
- – 233.323 nos anos iniciais (1º ao 5º ano) do ensino fundamental urbano
- – 165.905 nos anos iniciais (1º ao 5º ano) do ensino fundamental rural
- – 122.924 nos anos finais (6º ao 9º ano) do ensino fundamental urbano
- – 92.916 nos anos finais (6º ao 9º ano) do ensino fundamental rural
- – 695.090 no ensino fundamental integral
- – 25.679 nas creches
- – 111.228 nas pré-escola.
“O quantitativo de matrículas apresenta diferenças significativas e preocupantes quando comparado às matrículas apuradas e divulgadas nos resultados finais do Censo Escolar/2020”, afirma a CNM em ofício. “Tais incongruências representam impactos significativos na redistribuição intraestadual das receitas do Fundeb”, diz a entidade, que pede ao MEC que informe a metodologia do cálculo usada.
Erro em cálculos
Esta não é a primeira vez que os municípios apontam erros nos cálculos do Fundeb. Em janeiro, o governo federal transferiu de forma equivocada R$ 766 milhões a nove estados e seus municípios. O valor representa 64% do R$ 1,18 bilhão que deveriam chegar às redes públicas de ensino naquele mês.
Seis estados receberam dinheiro a menos, e três a mais. A União precisou complementar com R$ 1,3 milhão para que os aportes fossem feitos a quem ficou em déficit.
Ao identificar o erro, o FNDE solicitou que o Banco do Brasil, que opera as transferências bancárias, que bloqueasse os recursos para futura devolução. No entanto, alguns estados e municípios já haviam movimentado os recursos. Até fevereiro, haviam sido devolvidos R$ 30,3 milhões.