
Se depender da oposição bolsonarista raiz no Ceará, o candidato ao Senado Federal no próximo ano será mesmo o vereador Inspetor Alberto. Atualmente no Pros, ele sairia à disputa pelo PL de Valdemar Costa Neto. O deputado estadual André Fernandes (Republicanos) afirmou ao O POVO ser provável que o presidente Jair Bolsonaro (PL) chancele o nome do aliado nesta sexta-feira, 17, quando ocorre uma confraternização em Brasília.
“O presidente quer uma candidatura própria, genuinamente bolsonarista ao Senado. (…) Esse nome que está na mesa lá, só tem um, é o do Inspetor Alberto”, afirma Fernandes, segundo quem o postulante à cadeira do senador Tasso Jereissati (PSDB) com certeza será um “nome nosso”.
Mas as conversas têm de passar naturalmente pelo pré-candidato ao Governo do Ceará, Capitão Wagner(Pros), de malas prontas para o União Brasil. Principal líder da oposição aos Ferreira Gomes no Estado, Wagner prega cautela, lembrando que o “lado de lá” ainda não definiu sequer o postulante que irá lhe enfrentar.
“Eu só vou discutir possíveis nomes de vice ou de senador após o fechamento dos partidos que vão estar no nosso arco de aliança. O arco de aliança vai definir isso junto. Os partidos que fazem parte vão colocar seus nomes e a gente vai discutir qual é o nome que mais agrega para vice, que mais agrega para senador”, explicou Wagner ao O POVO.
Segundo ele, o “tiro certeiro” dado em 2018 que elegeu o senador Eduardo Girão (Podemos) ensina que a escolha deve ser feita “na hora oportuna”. E para ganhar. “Eu nunca coloquei nenhum nome para demarcar espaço.”
Na direita, Wagner reúne em torno de si bolsonaristas e moristas – como Girão -, embora já tenha expressado a intenção de apoiar o atual mandatário na disputa presidencial.
Também dialoga com forças situadas ao centro, como o ex-senador senador Eunício Oliveira (MDB), o deputado estadual Heitor Férrer (SD) e o ex-vice-governador Domingos Filho (PSD). O deputado federal afirmou em entrevista ao Jogo Político, programa do O POVO, no último dia 7, que quer construir uma “frente ampla” contra o ferreiragomismo.
Segundo disse ao O POVO, o arco comportará até mesmo quem optar por enviá-lo ao Palácio da Abolição e o ex-presidente Lula da Silva ao Palácio do Planalto (“Lula lá, Capitão cá”). Pode vir a ser o caso de Eunício. “Da minha parte não terá problema”, responde.
Indagado sobre a possibilidade de ser mesmo candidato, o vereador do Pros confirma a evolução das conversas com Bolsonaro e Fernandes, assumindo que tem interesse de estar na disputa contra Camilo, tido pelo governismo como o candidato natural ao assento. Alberto ainda não sabe se vai a Brasília nesta sexta, mas, de todo modo, diz que um sinal de Brasília virá em breve.
Fernandes e Alberto se encontram na noite de terça-feira, 19, para comemoração do aniversário de 24 anos do deputado, completados no último dia 10. Será oportunidade para debater a questão. Nos bastidores, eles sabem que a disputa contra o governador seria ou será muito difícil, mas compreendem que a candidatura, caso não saia vitoriosa, pode ser positiva ao ajudar a eleição de deputados estaduais e federais.
Alberto reconhece não ser unanimidade na oposição, composta também por uma direita não ligada ao presidente. Recentemente, ao Jogo Político, o prefeito de Maracanaú Roberto Pessoa (PSDB) disse preferir uma pessoa “mais equilibrada” para o embate com Camilo.
Alberto “paz e amor”
Sobre não ser exatamente o perfil que agrade Pessoa, que recentemente criticou Bolsonaro como burro e doido, o vereador afirma que não abre mão de marcas que lhe fizeram conhecido. Diz que pretende ir à campanha com o tradicional jargão “meu nome é Inspetor Alberto, e eu não tenho medo de você”. Mas, por outro lado, admite suavizar o comportamento se isso puder gerar consensos.
Apenas como exemplo de que isso é possível, citou o ex-presidente Lula e a “carta aos brasileiros”, assim como a construção do “Lulinha paz e amor”, uma obra do marketeiro político Duda Mendonça, falecido neste ano. “São estratégias”, ele disse.
E nós?
O vereador de Fortaleza define a si e ao aliado como forças aliadas ao Capitão Wagner que representam Jair Bolsonaro. Com base nisso, argumenta: “Capitão Wagner vai ficar com o União Brasil. Nós somos uma força do Capitão representando o presidente, para a gente ficar só com deputado federal e estadual não tem sentido. O Capitão lança vice-governador. E nós, que representamos o presidente da República, não vamos ter nada não? Nenhum espaço majoritário?”
