Forças Armadas sem comando: entenda a crise da cúpula militar com Jair Bolsonaro

Forças Armadas sem comando: entenda a crise da cúpula militar com Jair Bolsonaro

O Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passa por novas turbulências políticas após a demissão dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica em meio a uma reforma ministerial. Os substitutos para o comando das Forças Armadas ainda serão indicados pelo presidente. 

Uma reunão de nomes cotados para os cargoscom o novo ministro da Defesa, general Braga Netto, é esperada para esta quarta-feira (31).

A demissão dos ocupantes do alto escalão das Forças Armadas faz parte de uma crise política maior envolvendo o presidente e a corporação militar, passando pelas negociações com o “centrão” – grupo de partidos sem uma linha ideológica bem definida – em troca de apoio ao Governo.

ENTENDA EM CINCO PONTOS A CRISE DO GOVERNO BOLSONARO COM OS MILITARES:

1) DEMISSÃO DO MINISTRO DA DEFESA

O ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro na última terça-feira (30).

Azevedo era um ministro discreto e defendia a separação entre as Forças Armadas e a política. Um posicionamento visto de maneira diferente por Bolsonaro, que já insunou rupturas institucionais e incitou a radicalização da tropa em algumas declarações.

Os comandantes das Forças Armadas pediram demissão no dia seguinte à demissão de Azevedo e Silva.

General Edson Leal Pujol
Legenda: General Edson Leal Pujol comandava o Exército desde o início do Governo Bolsonaro. Junto dele, também saíram os chefes da Marinha e da AeronáuticaFoto: AFP

2) RADICALIZAÇÃO DA TROPA

O presidente incomodou a cúpula das Forças Armadas no Brasil com declarações antidemocráticas e que incitavam atos radicais.

Em maio de 2019, após promover uma reunião no Palácio da Alvorada com as Forças Armadas, Bolsonaro foi a uma manifestação antidemocrática com discurso insinuando que as forças estavam com ele.

Além disso, no ano passado, ele comemorou o aniversário do golpe militar, enquanto a cúpula militar manifestou posicionamento contrário.

3) POLITIZAÇÃO DOS QUARTEIS

O presidente Jair Bolsonaro associa, em declarações, as Forças Armadas ao seu Governo. Nos bastidores, ele passou a cobrar da cúpula militar postagens nas redes sociais de defesa do Governo. C

omandantes foram contra a indicação do general Eduardo Pazuello para o Ministério da Saúde, alegando a mistura da imagem das Forças Armadas com a do Governo Federal.

4) REFORMA MINISTERIAL

A demissão dos comandantes das Forças Armadas faz parte de um contexto de reforma ministerial que Jair Bolsonaro vem promovendo.

Na última segunda-feira (31), o presidente trocou seis ministros, nomeando indicados de partidos do “centrão” para algumas pastas, de olho em consolidar a base política. 

5) MILITARES INDICADOS PARA CARGOS

Nessa reforma ministerial, Bolsonaro indicou outros militares que já ocupavam o primeiro escalão para chefiar ministérios como o da Defesa.

No lugar de Azevedo e Silva, foi indicado o general da reserva Walter Souza Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil. Ele é visto com reservas pelos militares, por ser muito ligado ao presidente.