
O gabinete da deputada Dani Cunha, filha de Eduardo Cunha, usou verba da Câmara com corridas de Uber para shoppings, restaurantes e uma clínica de dermatologia, entre outros endereços. A parlamentar, do União Brasil do Rio de Janeiro, disse à coluna que não pegou nenhum Uber durante o mandato, e afirmou que o uso por seus funcionários não teve irregularidades.
Dani Cunha é a segunda deputada que mais recebeu dinheiro da Câmara para reembolsar corridas do aplicativo. O gabinete gastou R$ 7.251,36 com Uber, atrás apenas do ex-deputado Deltan Dallagnol, que recebeu de volta R$ 8.031,72 entre fevereiro e junho.
Uma fatura do dia 8 de maio, uma segunda-feira, mostra uma corrida para a loja Brasil Cacau, do shopping Metropolitano Barra. O circuito começou em Jacarepaguá, às 10h58. O Uber de volta, acionado às 11h55, partiu da loja 1002 do shopping, o endereço exato da chocolateria. Total: R$ 46,64.
No dia 1º de junho, uma quinta-feira, o gabinete usou o Uber às 10h56, para sair de um local não identificado, em Brasília, com direção a uma loja de uniformes na Asa Sul. O trajeto de volta iniciou no mesmo local e teve uma casa no Jardim Botânico como destino. O circuito custou R$ 85,91.
Apesar dos gastos expressivos com Uber, Dani alugou automóveis com cota parlamentar por três meses. Em fevereiro, ela usou um Toyota Corolla Cross e um Nissan Kicks Advance, por R$ 6.500 e R$ 3.882,14, respectivamente. Ela voltou a alugar o Toyota Corolla Cross, pelo mesmo valor, em abril e maio. A jornalista Juliana Braga flagrou, em março, o Toyota Corolla Cross do gabinete buscando Eduardo Cunha no aeroporto de Brasília.
Os gastos do gabinete de Dani com combustível de automóvel totalizam, até aqui, R$ 30.451,92.
Deltan Dallagnol, o campeão do uso de verba da Câmara com Uber, não alugou nenhum carro durante o seu mandato. O ex-parlamentar, cassado em 6 de junho, gastou R$ 1.200 com combustível entre fevereiro e junho.
Outro lado
Em nota, Dani Cunha disse à coluna “que a verba de qualquer gabinete é feita não apenas para atender a deputada fisicamente, mas, também, toda a sua estrutura de gabinete”.
“A deputada não pegou nenhum Uber durante o seu mandato, ainda que pudesse ter feito, e os trajetos utilizados pelo gabinete foram para atender os funcionários no exercício do mandato. Não podemos esquecer também que o Uber usa pontos de referência (entradas e saídas, portas, etc)”, afirmou a assessoria da parlamentar.
Dani disse que as notas citadas pela coluna são centros de escritórios e que “qualquer um que quiser colocar no Google vai ver o endereço”. Ela alegou que um assessor foi ao seu gabinete na sala 334 do Edifício Hong Kong 3000, e não à dermatologista que lista o local como um consultório.
Nos pedidos de reembolso de Dani constam gastos com um gabinete na Av. Nilo Peçanha, 50, mas não há referência a uma sala de trabalho no Edifício Hong Kong 3000.
A deputada afirmou que o The Black Door é a referência para um complexo de escritórios que fica no local, embora só exista, nos pedidos de reembolso, um comprovante fiscal com o endereço do salão de beleza.
“Por fim, usar trajetos amplos para insinuar que pessoas estão passeando, sem antes confirmar de fato onde é o destino, é lamentável, absolutamente improcedente e visa a desqualificar a atuação de um parlamentar e sua equipe”, declarou Dani.
