
Um evento privado para empresários em bairro nobre do Rio de Janeiro, promovido por uma organização da filha de Paulo Guedes, acabou gerando custos para os cofres públicos. Paula Drumond Guedes é fundadora da organização IFL Dialogues, que promoveu, em 2019, o evento “Origem 2030”. A palestra contou com a presença de pelo menos quatro funcionários do Ministério da Economia, incluindo o próprio ministro, e a ida do grupo foi custeada pelo governo federal.
É isso que apontam cruzamentos de dados do Portal da Transparência avaliados pelo R7. A reportagem apurou que os cofres públicos garantiram R$ 15.739,27 para passagem e hospedagem de Paulo Guedes; Gustavo Leipnitz Ene, secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação; Carlos Alexandre Jorge da Costa, secretário especial de Produtividade e Competitividade; e Igor Manhaes Nazareth, subsecretário de Inovação.
Embora Guedes e Carlos Alexandre Jorge tivessem outros compromissos na agenda oficial do dia do evento, também no Rio de Janeiro, Gustavo Leipnitz e Igor Manhaes só foram ao estado por conta da palestra da filha do ministro. Gustavo consta como palestrante, segundo a agenda da pasta. Já a agenda de Igor cita que o motivo da viagem é apenas “acompanhar o ministro Paulo Guedes ao evento Origem 2030”.
Para o advogado e cientista político Nauê de Azevedo, é preciso analisar se houve benfeitoria para o público para justificar essa ida da equipe. “Observar se esse evento privado tem algum tipo de conexão com algum tipo de política pública ou alguma medida que pode vir a ser tomada, ou veio a ser tomada, pelo Ministério da Economia”, diz.
“Se eles forem bancados pelo dinheiro do Estado sem nenhuma contrapartida, sem nenhuma justificativa plausível para isso, estamos diante até de uma possível improbilidade administrativa, que se tem um desvio de recurso público para um fim puramente privado”, complementa o advogado.
Gil Castello Branco, economista e fundador da Associação Contas Abertas, também ressalta que todo gasto público precisa necessariamente estar associado ao interesse público. “Se qualquer servidor recebe diárias para ir a um evento privado que não tem absolutamente nenhuma relação com o interesse público, essas diárias foram pagas indevidamente e devem ser tomadas providências junto ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, para ressarcir”, diz.
O R7 fez contato com o Ministério da Economia e aguarda posicionamento da pasta sobre o caso.
