O Tribunal de Contas do Estado (TCE) recomendou, nesta terça-feira (31), aaprovação das contas do governador Camilo Santana (PT) de 2020 com ressalvas.
Os conselheiros seguiram o parecer do relator Rholden Queiroz que sugeriu a aprovação do balanço financeiro do Estado, mas apontou recomendações de correções a serem feitas no Governo.
Ao todo foram 48 ressalvas e 49 recomendações de ajustes para os anos seguintes. As contas do governo seguem agora para a Assembleia Legislativa para análise definitiva dos deputados estaduais.
IMPACTOS DA PANDEMIA
O relator frisou os impactos da pandemia da Covid-19 no exercício financeiro do Estado. A crise econômica provocada pela pandemia gerou, no ano passado, uma queda de 3,56% do PIB (Produto Interno Bruto) – a soma de tudo o que é produzido no Estado – e uma diminuição de 9,27% na receita, ou seja, a arrecadação do Ceará.
De acordo com o parecer, o Ceará deixou de arrecadar R$ 1,9 bilhão em receita no ano passado, o primeiro da pandemia da Covid-19. Apesar dessa conjuntura, a Corte destacou o saldo positivo de 18.546 vagas de empregos geradas no Estado em 2020.
Sobre os investimentos, o TCE apontou que apenas 62,47% foi executado do que estava previsto de investimento para 2020 (previsto: R$ 3,9 bilhões / executado: R$ 2,4 bilhões). Ainda assim, a Corte frisou que o Ceará é primeiro lugar no ranking dos investimentos públicos do Brasil.
GASTOS NA PANDEMIA
O relator das contas de Governo também analisou os recursos enviados pelo Governo Federal para o combate à Covid-19 no Ceará, em meio às polêmicas sobre a utilização das verbas federais nos estados e municípios.
Conforme o parecer, do total de R$ 2,2 bilhões, R$ 740,2 milhões foram gastos na pandemia e o montante de R$ 1,4 bilhão foi empregado pelo Estado para mitigar os efeitos da pandemia, inclusive com despesa de pessoal.
O relator disse ainda que não vê irregularidades nessa questão, porque a lei federal não especifica que o recurso federal deve ser destinado apenas para saúde.
GASTOS OBRIGATÓRIOS
O Ceará, segundo o TCE, cumpriu com os gastos mínimos obrigatórios. Em Educação, o Governo do Estado aplicou 27,04%, acima do mínimo de 25% estabelecido pela Constituição Federal.
Em Saúde, o Estado também aplicou 16,55% da sua receita, acima do previsto pela Constituição, que é de no mínimo 12%.
SEGURANÇA
Por outro lado, o TCE apontou queda nos recursos gastos em segurança pública no ano passado, embora os crimes violentos letais e intencionais no Ceará tenham aumentado ao longo de 2020.
De acordo com o tribunal, em 2019, foram aplicados R$ 3,9 bilhões em segurança. Enquanto em 2020 forem aplicados R$ 3,4 bilhões.
RENÚNCIA FISCAL
O conselheiro Rholden Queiroz também apontou no seu parecer o volume de renúncia de receita – impostos não cobrados de empresas que se instalam no Ceará como forma de incentivo fiscal.
Em 2020, aponta o TCE, a renúncia fiscal foi de R$ 1,2 bilhão. Rholden Queiroz cobrou que o retorno dessa política de incentivo para a sociedade.
METROFOR
O parecer do TCE voltou a apontar que o Metrofor é uma empresa estatal dependente e chamou atenção para os gastos feitos com a companhia.
INTERIOR
O parecer do TCE apontou baixo investimento do Estado no interior. No ano passado, aplicou 44,78% dos recursos aplicados enquanto a Constituição Estadual exige o mínimo de 50%.
Já em pesquisa científica, o investimento do Estado ainda está abaixo do exigido pela Constituição do Estado. O Governo aplicou 0,73% na Funcap, enquanto o percentual mínimo é de 2%.
Essas ressalvas foram alvo de algumas das 49 recomendações feitas pelo TCE nas contas do Governo de 2020. Nas contas de 2019, 51 recomendações foram feitas e apenas 12 foram atendidas integralmente.
Depois da análise das contas do governador do TCE, o documento agora segue para julgamento e votação na Assembleia Legislativa.