O Ministério da Saúde estima que há 6,85 milhões de pessoas acima de 18 anos vacináveis no Ceará contra a Covid-19, ou seja, há necessidade de cerca de 13,7 milhões de doses, considerando o reforço do imunizante em uma segunda dose. Porém, até o momento, foram distribuídas apenas 4,6 milhões de doses ao Estado, o equivalente a 34% do total.
Portanto, até agora, o Ceará só recebeu uma em cada três doses necessárias para concluir o processo. Os dados são da plataforma do próprio Ministério, com informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) atualizadas nesta segunda-feira (21), às 6h16.
O Governo Federal é responsável pela compra e distribuição das vacinas, além de definir os grupos vacináveis a cada etapa. Os Governos Estaduais armazenam e organizam a logística de distribuição local. Já a aplicação direta cabe aos Municípios.
A projeção não considera o imunizante Janssen, cuja administração é em apenas uma dose. O Estado deve receber 120,2 mil doses do tipo para aplicar na população entre 30 e 44 anos (em ordem decrescente de idade), em todos os 184 municípios cearenses. No entanto, a chegada atrasou.
Além disso, a estimativa do Ministério da Saúde pode estar defasada porque o Censo Demográfico não é atualizado há 11 anos. Neste mês, o Diário do Nordeste já mostrou que, sem dados consistentes, o Ceará tem dificuldade de definir a meta de vacinação da população geral.
PROJEÇÕES
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) considera que a proteção coletiva, ou “imunidade de rebanho”, é capaz de ter um papel significativo no controle da pandemia quando mais de 70% da população estiver imunizada. Num estudo conduzido na cidade de Serrana (SP), esse índice foi de 75%.
Para replicar essa proteção no Ceará, deveriam ser vacinadas, pelo menos, entre 4,8 milhões e 5,1 milhões de pessoas, o que demandaria entre 9,6 milhões e 10,2 milhões de doses. Se as projeções forem válidas, o Estado recebeu, até domingo (20), entre 45% e 48% da necessidade mínima.
“Entretanto, na prática, precisaremos observar a melhoria expressiva e sustentada dos indicadores epidemiológicos”, reforça a Sesa sobre o controle da pandemia.
CRONOGRAMA DE APLICAÇÃO
Neste mês, a Secretaria divulgou um calendário com previsão de data para a vacinação de toda a população geral já cadastrada no sistema Saúde Digital:
- 12 a 18 de junho – pessoas de 59 a 55 anos
- 19 a 25 de junho – pessoas de 54 a 45 anos
- 26 de junho a 5 de julho – pessoas de 44 a 40 anos
- 6 a 26 de julho – pessoas de 39 a 30 anos
- 27 de julho a 25 de agosto – pessoas de 29 a 18 anos
Além disso, a Sesa autorizou o cadastro do público entre 12 e 17 anos no Saúde Digital. Porém, lembra que “ainda não existe previsão para começar a vacinação neste público”, já que o único imunizante liberado até o momento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ele é o da Pfizer.
ACELERAÇÃO DO PROCESSO
Para o imunologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Edson Teixeira, a velocidade de imunização deve ser acelerada no Estado com a chegada de um maior volume de doses, mas o cumprimento dos prazos ainda é uma incógnita.
Lígia Kerr, também professora da UFC e integrante da Comissão de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), reforça que o ritmo depende da disponibilidade de vacinas, já que a rede básica de saúde tem agilidade e capilaridade para chegar na população.
IMUNIZAÇÃO NACIONAL
Em evento no dia 17 de junho, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que pretende vacinar toda a população a partir de 18 anos, com pelo menos uma dose, até setembro. No último domingo (20), reforçou que, “até o final do ano”, a mesma população brasileira será imunizada com as duas doses da vacina.
“O passaporte para a nossa liberdade. O passaporte para uma vida nova”, disse Queiroga na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, reafirmando que a Pasta da Saúde já adquiriu mais de 630 milhões de doses de vacinas.
Contudo, no ritmo atual, a campanha brasileira só deve ser concluída em janeiro de 2024,segundo projeção do Painel Vacinação Covid-19, do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), dentro do projeto ModCovid19.
Em todo o País, foram distribuídas 123 milhões de doses, representando 38% da necessidade total de 320 milhões. O Ceará, com 34%, está um pouco abaixo da média do Nordeste, que é de 35%. Na região, o Maranhão é o que mais recebeu doses (37,8%).
Entre todos os Estados, o Amazonas tem o maior percentual de doses enviadas: 48,89%. A unidade federativa vivenciou uma grave crise sanitária no início deste ano, quando faltou oxigênio em Manaus e em outras cidades do interior.
Em seguida, vêm Rio Grande do Sul (44,14%), São Paulo (41,66%) e Rio de Janeiro (41,58%). Segundo o Ministério da Saúde, já foram aplicadas 86,9 milhões de doses, ou seja, cerca de 70% dos imunizantes distribuídos.