O coronavírus causador da covid-19 pode ter uma vantagem em indivíduos com acúmulo de placa dentária ou gengivite, aponta um estudo publicado, na terça-feira (20), no Jornal de Medicina Oral e Pesquisa Odontológica.
Uma equipe de pesquisadores do Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos descobriu que altas concentrações do coronavírus se movem da saliva para os pulmões de pessoas com doenças gengivais.
Segundo o artigo, os vasos sanguíneos dos pulmões, ao invés das vias aéreas, são afetados inicialmente na covid-19, com altas concentrações do vírus na saliva e periodontite associadas a um risco aumentado de morte.
Movendo-se dos vasos sanguíneos nas gengivas, o vírus passaria pelas veias do pescoço e do tórax, alcançando o coração antes de ser bombeado para as artérias pulmonares e pequenos vasos na base e periferia do pulmão.
Um dos pesquisadores, o médico radiologista Graham Lloyd-Jones, analisou tomografias computadorizadas de pacientes com covid-19, enquanto dentistas da equipe fizeram a relação entre a saúde bucal deles e a gravidade da doença.
O coautor do estudo Iain Chapple, professor de periodontologia da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, explica que os resultados ajudam a compreender por que algumas pessoas desenvolvem doença pulmonar durante a covid-19 e outras não.
“Também pode mudar a maneira como gerenciamos o vírus — explorando tratamentos baratos ou mesmo gratuitos direcionados à boca e, em última instância, salvando vidas.”
Chapple acrescenta que a escovação e uso de enxaguantes bucais são fundamentais mesmo para quem não está com covid-19.
“As doenças gengivais deixam as gengivas mais vazadas, permitindo que os micro-organismos entrem no sangue. Medidas simples — como escovação cuidadosa e escovação interdental para reduzir o acúmulo de placa bacteriana, juntamente com enxaguatórios bucais específicos ou mesmo enxágue com água salgada para reduzir a inflamação gengival — podem ajudar a diminuir a concentração do vírus na saliva e ajudam a mitigar o desenvolvimento de doenças pulmonares, além de reduzir o risco de evolução para covid-19 grave.”